segunda-feira, 21 de abril de 2014

RELIGIÃO, SEITA E HERESIAS

UNIDADE 1 – GRANDES RELIGIÕES, SEITAS E HERESIAS – UM PANORAMA GERAL.

Capítulo 1 – A Busca do Homem por Deus Religião

Este tema recebeu diversas definições ao longo da história, porém as três mais aceitas são as elaboradas por Cícero, Lactâncio e Agostinho. Vejamos o quadro a seguir:

PENSADOR
PALAVRA-CHAVE
DEFINIÇÃO
PENSAMENTO-CHAVE
 CÍCERO
106-46 a.C.
(FILÓSOFO E ESTADISTA ROMANO)
“RELEGERE”
“CONSIDERAR CUIDADOSAMENTE”
“FAZER UMA RELEITURA”
A RELIGIÃO LEVARIA O HOMEM A CONSIDERAR CUIDADOSAMENTE (FAZER UMA RELEITURA) AQUILO QUE PERTENCIA AO CULTO DIVINO.
LACTÂNCIO
300 d.C.
“RELIGARE”
“LIGAR, PRENDER”
A RELIGIÃO LIGARIA OS HOMENS A DEUS PELA PIEDADE. A RELIGIÃO LEVARIA O HOMEM A REATAR SEU RELACIONAMENTO COM O SEU CRIADOR.
AGOSTINHO
370-430 d.C.
(TEÓLOGO CRISTÃO)
“RE-ELIGERE”
“RE-ELEGER, TORNAR A ESCOLHER”.
O HOMEM, ATRAVÉS DA RELIGIÃO, DEMONSTRARIA QUE HAVIA FEITO A ESCOLHA DE SERVIR A DEUS.

De modo geral o termo religião significa: a tentativa do homem em escolher se ligar a Deus através de uma releitura de sua realidade.

A Necessidade da busca por Deus

A queda do homem em pecado fez com que a raça humana se separasse de DEUS, mas sua necessidade de contato com o divino fez com que o mesmo, sem perceber buscasse essa comunhão perdida no Éden. A partir de então o homem busca por respostas para as suas questões existenciais*, Quem sou? De onde vim? Porque estou aqui? E para onde vou?

*Constitui “problema existencial” tudo que ocorre em nossa vida e que nos parece difícil de aceitar, de entender, de explicar ou de resolver e que nos preocupa e pode nos causar sofrimento. Todos experimentam, vez ou outra, problemas físicos, mentais, emocionais e sociais. Estamos em processo de aprendizagem, de depuração e aprimoramento.
Os nossos problemas variam, também, de acordo com a intensidade do efeito que podem causar em nós e em nossa vida, podendo ser: passageiro, constante, muito intenso, pouco intenso.

A Religiosidade e o Sagrado

O homem é religioso por natureza e isto faz parte de sua essência, talvez seja esta a justificativa de diversidades de religiões hoje e através da história da humanidade. O mesmo precisa vislumbrar algo ou alguém em condição superior à sua, para que a religião se estabeleça. Esse sagrado* aponta para a realidade sacra (separada) de algo, que pode ser representado por animal, elementos da natureza, uma pessoa ou ser divino.
*A palavra "sagrado" provém do latim sacrum, que se referia aos deuses ou a alguma coisa em seu poder. Já o termo santo vem de sanctus, significando "que tem caráter sagrado, augusto, venerando, inviolável, respeitável, purificador".

Os Conceitos de Divindades nos Grupos Religiosos

Este conceito não é o mesmo para todas as religiões, cada grupo tem uma revelação peculiar acerca deste fenômeno. Vejamos:

CONCEITO
CRENÇA DIVINA
EXEMPLO
MONOTEÍSMO
DE QUE HÁ UM SÓ DEUS SOBERANO E QUE A ADORAÇÃO A OUTROS DEUSES SE CARACTERIZAM IDOLATRIA.
CRISTIANISMO, ISLAMISMO E JUDAÍSMO.
TEÍSMO
CRENÇA EM UM SÓ DEUS QUE É SOBERANO E SE MANIFESTA RELACIONANDO-SE DE UMA MANEIRA PESSOAL COM O HOMEM.
CRISTIANISMO.
POLITEÍSMO
CRENÇA EM VÁRIOS DEUSES.
HINDUÍSMO – CHEGA A MAIS DE 30 MILHÕES DE DEUSES.
HENOTEÍSMO
EM UM DEUS SUPREMO E EM DIVINDADES MENORES, AS QUAIS PODEM ATUAR EM OUTROS CAMPOS OU ÁREAS.
PANTEÃO GREGO – ZEUS, O DEUS SUPREMO E OUTROS DEUSES INFERIORES.
PANTEÍSMO
CRENÇA DE QUE TUDO É DEUS (TERMO PROVENIENTE DO GREGO: “PAN” –TUDO; “THEOS” – DEUS). SEGUNDO ESSA CRENÇA DEUS SE CONFUNDE COM A CRIAÇÃO.
HINDUÍSMO, BUDISMO (ALGUMAS ESCOLAS), NOVA ERA, CIENCIA CRISTÃ, CIENTOLOGIA, SEICHO-NO-IÊ.
DEÍSMO
CRENÇA EM UM DEUS QUE FEZ O MUNDO, MAS QUE NÃO INTERFER NELE. ESSE DEUS DEIXOU LEIS NATURAIS PARA QUE O MUNDO E A CRIAÇÃO SUBSISTISSEM ATRAVÉS DOS TEMPOS.
RACIONALISMO E ALGUMAS VERTENTES DA TEOLOGIA LIBERAL.

Os tipos de Religião

v Animistas – acreditam que tudo que existe como matéria – animada ou inanimada – tem um espírito, e pode ser adorado. Esses espíritos seriam bons ou maus e podem influenciar positiva ou negativamente a vida dos seres humanos. A isso se dá  o nome de ânima – principio vital e pessoal, possui três regras: a)Tudo no Cosmo tem ânima; b)Todo o ânima é transferível; c)Tudo ou todo que transfere ânima não perde a totalidade de seu ânima, mas quem ou que o recebe perde parte ou a totalidade de seu ânima, o qual será tomado pelo ânima doador. Ex: Tribos Indigenas.

v Legalistas – a salvação só pode ser alcançada pela obediência a um código de leis (que procedem direto da divindade), essas leis governam a vida de seus adeptos em todos os aspectos. Exemplo: os Fariseus, esforço e mérito – exclui a Graça.

v Ritualistas – centralizados em rituais e cerimônias para agradar a “divindade”, ou aplacar a sua ira. Esses ritos simbolizam crenças importantes. Se aplicam demais com os rituais esquecendo dos seus verdadeiros significados. Ex: Candomblé.

v Sacramentalistas – estão convictos de que os sacramentos (rito ou cerimonial sagrado) são veículos da graça divina para aqueles que o praticam. Segundo os integrantes dessa religião, somente eles através dessa pratica podem usufruir das bênçãos divinas. Ex: Catolicismo Romano. Batismo, confissão, eucaristia, confirmação (ou crisma), matrimônio, ordens sagradas, unção dos enfermos.

v Naturais – alegam que a divindade se manifestou através da natureza e da intelectualidade do homem. Não dependem de alguma revelação sobrenatural da parte da divindade, pois não crêem num deus pessoal que se relaciona com suas criaturas.

v Racionais – acreditam que a razão é o centro de tudo, só crêem naquilo que possa explicar racional e logicamente. Apregoam uma mente bem condicionada e disciplinada para o êxito e valorizam a filosofia como forma de expressão de seus pensamentos e divulgação de suas ideias e preceitos.

v Revelatórias – têm sua base nas revelações que são proferidas pela sua divindade, as quais muitas vezes são registradas em um livro considerado sagrado.

v Místicas – supervalorizam as experiências transcendentais do homem com a divindade, podendo relegar a segundo plano sua tradição e seu livro sagrado. Também estão sempre abertos às novas “revelações ou experiências”.

v Sacrificiais – sua crença se baseia nas oferendas a divindade, buscando com isso alegrar-se, aplacar a ira ou saciar algum desejo divino.

v Espúrias – estes diferentes dos demais não se dedicam a nenhuma divindade, e sim a uma ideologia. Para os seus adeptos teorias como as de Darwin são verdades absolutas, colocam a ciência como deus.

As Características Comuns entre as Religiões

v Doutrina – é o conjunto de ensinos baseados num livro sagrado ou na tradição – tem por objetivo nortear a conduta ética, moral e social dos fiéis.

v Ritos (Cerimoniais) – é o comportamento dos adeptos de religiões de acordo com regras previamente determinadas, com o objetivo de agradar ao divino ou aplacar-lhe a ira. Esses ritos incluem orações, rezas, oferendas e sacrifícios, dentre outras ações, formando uma liturgia ritualística.
  
v Ética – noção do certo ou do errado dentro da cosmovisão de cada religião.

v Comunidade – é a união entre os adeptos de cada religião, onde compartilham suas particularidades, também se identificam uns com os outros, confirmam e fortalecem sua crença religiosa com a propagação dos seus ensinos e práticas.

v O Humano e o Divino – todas as religiões surgem e se movimentam em torno da necessidade de relacionamento do homem com o divino.


Wander, Robson. Religiões, Seitas e Heresias. Pindamonhangaba/SP, IBAD - Instituto Bíblico das Assembléias de Deus, 3° Edição, 2013.

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